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Global Columns

É melhor aprendermos logo com o ChatGPT

Andrea Guerra

El Estadão / Moisés Naím e tradução por Augusto Calil

Os descobrimentos científicos e as inovações tecnológicas com frequência se apresentam como avanços inéditos ou fonte de transformações enormes. Poucas, não obstante, cumprem sua promessa. São ultrapassadas por conhecimentos novos ou tecnologias que superam o que se havia anunciado como um aporte histórico indelével.

O aconselhável é ser cético a respeito de novas tecnologias que “mudarão tudo”. Em geral, a hipérbole e o exagero não deixam mais que um monte de promessas não cumpridas. Algumas vezes - muito poucas - aparece uma nova tecnologia que provoca transformações profundas e permanentes na vida de bilhões de pessoas. Hoje a humanidade se encontra diante desta circunstância. E desta vez sim, o impacto da transformação tecnológica é diferente.

As inovações recentes no campo da Inteligência Artificial (IA) não são uma moda transitória, cujas consequências estejam sendo exageradas. São tecnologias transformadoras, com as quais a humanidade vai conviver por muito tempo. Esta onda de inovação mudará o mundo, afetará ricos e pobres, democratas e autocratas, políticos e empresários, cientistas e analfabetos, assim como cantores e jornalistas e todo tipo de atividades, profissões e estilos de vida.

Os chamados Large Language Models – que não se limitam ao célebre ChatGPT da empresa Open AI – são um tipo de inteligência artificial que se utiliza para entender e gerar linguagem humana, assim como para automatizar funções que até agora requeriam supervisão e manejo de seres humanos. Outros tipos de IA “aprendem” a identificar e converter enormes volumes de textos, imagens, sons, vozes e vídeos em imitações perfeitas.

Podem produzir orações completas, respostas para qualquer tipo de pergunta, assim como reproduzir à perfeição versões impossíveis de detectar como imitações. Também são capazes de “aprender” a voz de uma pessoa e usá-la em uma conversa com outros indivíduo que não sabe que esta falando com um agente informático criado com IA.

Estes modelos têm uma infinidade de aplicações práticas. O combate às mudanças climáticas, diagnósticos e tratamentos de problemas graves de saúde estão sendo abordados com mais eficácia graças ao uso de IA.

Tudo está acontecendo muito rapidamente. Um relatório do banco UBS informa que o ChatGPT chegou a ter mais de 100 milhões de usuários ativos apenas dois meses depois de seu lançamento. O TikTok demorou nove meses para alcançar essa cifra, o Instagram, dois anos e meio. O ChatGPT é a tecnologia de adoção mais rápida na história.

Como todas as novas tecnologias, a IA é uma arma de fio duplo: tem um ângulo positivo e outro negativo. Toda tecnologia é dupla – a imprensa de Gutenberg foi usada para imprimir tanto a Bíblia quanto Mein Kampf, o panfleto que tornou Hitler célebre.

Em muito pouco tempo, ditadores, terroristas, fraudadores e criminosos estarão usando toda sua criatividade para explorar a IA com consequências nefastas para a humanidade. Não será fácil contê-los.

Os que estão descobrindo estas aplicações acabam encantados com estas tecnologias milagrosas. Mas quem as conhece de perto e entende os riscos que elas implicam vê claramente o caos mundial que elas poderiam engendrar. Cientistas, empresários e agências de segurança envolvidos intimamente com o uso da IA não escondem seu alarme diante da disseminação das tecnologias com base nesta inovação. Em uma recente entrevista que concedeu a Alan Murray, da revista Fortune, Tom Siebel, diretor de um dos principais grupos de IA, qualificou repetidamente o risco associado a estas novas tecnologias como “assustador”. Elon Musk disse que a IA pode levar à “destruição da civilização”.

A história nos mostra que os esforços para conter a disseminação e a má utilização de novas tecnologias não são exitosos. As armas nucleares, por exemplo, continuam se disseminando pelo mundo apesar dos enormes esforços para limitar sua proliferação.

Uma vez que uma nova tecnologia tão poderosa entra na caixa de ferramentas da nossa espécie, não há como se livrar dela. A proposta recente de um grupo muito notável de especialistas que propôs impor uma moratória na pesquisa e desenvolvimento da inteligência artificial demonstra que até os maiores especialistas compartilham da intuição de muitos: nós não estamos prontos.

Certamente nossas sociedades não estão prontas para o que virá como resultado das aplicações da inteligência artificial. É melhor aprendermos rapidamente, porque estas inovações não têm marcha à ré.